A tendência de aumento no número de flagrantes de motoristas dirigindo sob efeito de álcool, no Rio, tem se mostrado duradoura. Dados da Operação Lei Seca mostram que o percentual de casos em que os condutores testaram positivo para alcoolemia ou se recusaram a fazer o exame para detectar o consumo de bebidas alcoólicas — que registrou alta recorde entre 2019 e 2021 — segue em patamares preocupantes. Na região metropolitana, por exemplo, a cada 100 abordados, 11,6 foram autuados, em média, contra 4,4 em 2019, um aumento de mais de 260%. Na região do Médio Paraíba, que abrange cidades como Volta Redonda e Resende, os números são ainda maiores: 25,8% dos motoristas parados na blitz estavam alcoolizados, contra 8,7% em 2019, quase 300% mais.
Uma operação, em especial, chamou a atenção dos agentes. Realizada numa sexta-feira à noite, em Niterói, flagrou nada menos que 62,5% dos condutores abordados, recorde absoluto no estado. Em outra operação, na Tijuca, 50% dos parados foram autuados. Na cidade do Rio, os bairros com maior média percentual de flagrantes são Cascadura (16%), Rocha (15,5%) e Del Castilho (15,10). No Grande Rio, as cidades recordistas são Nova Iguaçu (14,6%), Maricá (11,6%) e Duque de Caxias (9,9%).
— Adotamos várias estratégias para surpreender quem tenta escapar da fiscalização e insistir em dirigir sob o efeito do álcool, ainda mais neste período após a pandemia, quando se observou um aumento no consumo de bebida alcoólica — disse o tenente-coronel Fábio Pinho, superintendente da operação Lei Seca, comentando a alta dos números.
Entre as novas estratégias está a criação de um grupo apelidado de “pega-fujão”, composto por quatro duplas de agentes que atuam em motocicletas patrulhando rotas alternativas aos locais onde estão montadas as operações. O objetivo é surpreender os motoristas que driblar a fiscalização. A nova modalidade de fiscalização começou a ser adotada há pouco mais de um mês.
Campos
Os números foram obtidos nas 1.737 operações realizadas entre janeiro e junho deste ano, quando foram verificados 172.283 veículos. Os dados revelam um quadro que segue o mesmo padrão em quase todas as regiões do estado. No Norte Fluminense, que tem como polo a cidade de Campos dos Goytacazes, o percentual dos que foram pegos na Lei Seca passou de 8,4, em 2019, para 20,4, em 2021, e 23,5 no primeiro semestre deste ano. Nas regiões Serrana e Sul Fluminense, os números caíram em relação a 2021, mas seguem bem mais altos que os de 2019. A única exceção é a costa verde, que abrange Angra dos Reis e Paraty, onde os números de 2022 são um pouco menores que os de anos anteriores.
Embora as estatísticas divulgadas pela Lei Seca abranjam apenas os primeiros seis meses de 2022, o total de operações computado até agosto desde ano já está em 2120 com 216.706 carros abordados. Enquanto a conscientização dos motoristas não chega, a fiscalização continua sendo uma arma eficaz para evitar acidentes causados por embriaguez.
— Além das táticas de inteligência, também investimos no trabalho de educação, indo às escolas e a locais com grande concentração de pessoas. Sabemos que só criando motoristas conscientes é que vamos alterar os índices de acidentes — acredita Fábio Pinho.
Fonte: Jornal Extra