Novos detalhes da história da filha suspeita de internar a mãe à força em clínica psiquiátrica começam a ser revelados.
Nesta sexta-feira (3), a polícia ouviu o dono do serviço de ambulância contratado para abordar e transportar Maria Aparecida. Em depoimento, ele contou que foi ele mesmo quem pegou a vítima na saída de um banco e levou para dentro da ambulância, onde já estava a filha dela, Patrícia de Paiva Reis.
Patrícia entrou em contato com o serviço de ambulância no dia 4 de fevereiro, dois dias antes da internação, e alegou que está grávida do terceiro filho, e que a mãe queria agredi-la. Patrícia teria informado ainda que tinha um laudo médico, mas que nunca foi apresentado para a empresa de ambulância. Ainda assim o serviço foi prestado.
O motorista dirigiu até Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde a mulher foi internada pela filha. A Clínica Vista Alegre divulgou imagens do atendimento a Maria Aparecida, com ela sendo recebida pela equipe de enfermagem.
Também mostraram imagens de Patrícia conversando com o médico plantonista. Segundo a clínica, Patrícia contou que foi agredida pela mãe, e que, por estar grávida, não se sentia segura ao lado dela.
A Vista Alegre diz que o médico fez um relatório indicando a internação de Maria Aparecida com base na observação, no relato e na atitude de todos os envolvidos.
O diretor e a medica da clínica Vista Alegre devem prestar depoimento na semana que vem.
A Revitalis também divulgou imagens de câmeras de segurança, em que Maria Aparecida aparece se alimentando no refeitório ao lado de outras pessoas, caminhando numa área verde e abraçando uma das médicas que trabalham no local.
O diretor da Clínica Revitalis e a médica responsável pelo laudo de internação de Maria Aparecida de Paiva compareceram à delegacia do Catete para prestr depoimento nesta sexta-feira (3).
O diretor da clínica falou na saída do depoimento, e disse que em nenhum momento a paciente falou que não teria necessidade de ficar internada.
“Em nenhum momento. Quando foi falado muito lá na frente, a gente tomou as providências cabíveis. Assim que ela se manifestou, a gente começou a tomar providências na direção também de fazer a alta dela, comunicar quem era de praxe comunicar, fazer os movimentos todos que eram pertinentes e necessários”, disse.
Mulher foi denunciada por maltratar o filho
Mas foi a polícia quem resgatou Maria Aparecida de uma internação involuntária, sem que a paciente tivesse histórico de problemas mentais.
Patrícia é suspeita de internar a mãe compulsoriamente por interesses financeiros e para tentar reverter uma acusação de agressão contra um de seus dois filhos registrada pela avó.
O filho mais novo de Patrícia, com o seu marido, Rafael Machado – que também está preso -, foi encaminhado para abrigo da prefeitura. O bebê, que tem 2 anos de vida e é uma pessoa com deficiência (PCD), foi encaminhado para a Central de Recepção de Crianças e Adolescentes (CRCA) Taiguara, no Cachambi, na Zona Norte do Rio, na última sexta-feira (24).
Além do filho de 2 anos, Patrícia é mãe de outro menino, esse com 9 anos, fruto do relacionamento com o engenheiro Paulo da Silva e Souza Penna de Moraes.
Parentes do filho mais velho de Patrícia contaram que os menores sofriam de negligência e tortura psicológica. Segundo Carina Penna, tia do menino de 9 anos, um ex-namorado de Patrícia disse que ela deixava o filho sem comer, não se preocupava com a escola e passava o dia no telefone.
Assim como a tia paterna, a avó do menino, mãe de Patrícia, também demonstrava muita preocupação com as condições que a filha oferecia para o neto. As duas juntas decidiram procurar o Conselho Tutelar para denunciar a suspeita de maus-tratos.
Patrícia Reis e o marido Rafael Machado foram presos em flagrante e tiveram a prisão convertida em preventiva por sequestro qualificado.