O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em leve alta nesta sexta-feira (10), após operar com bastante volatilidade durante toda a sessão. Investidores seguiram repercutindo os rumores de que a equipe econômica avalia uma revisão antecipada das metas de inflação do país e atentos ao temor sobre uma maior influência do governo no Banco Central. Ao final do pregão, o Ibovespa avançou 0,07%, a 108.078 pontos.
Veja mais cotações. As ações do Bradesco recuaram mais de 8%, após divulgação do balanço na véspera (leia mais abaixo). Já a Petrobras foi um dos destaque de alta, com um avanço de 3,09% (preferenciais, sem direito a voto) e 2,77% (ordinárias, com direito a voto). No dia anterior, o Ibovespa recuou 1,77%, a 108.008 pontos. Com o resultado de hoje, o índice passou a acumular quedas de 4,72% no mês e de 1,51% no ano. Na semana, acumulou perdas de 0,41%.
O que está mexendo com os mercados?
O principal destaque desta sexta-feira ficou com o noticiário corporativo – com um peso adicional para os negócios adicionado pelos papéis do Bradesco. Em seu balanço divulgado na quinta-feira (9), o banco registrou um lucro líquido contábil de R$ 1,437 bilhões no quarto trimestre de 2022 – no pior resultado trimestral em mais de 15 anos. Em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 3,170 bilhões), o lucro caiu 54,7%. O banco informou, ainda, que provisionou 100% da operação que envolve um “cliente Large Corporate específico”, sem citar o nome do Grupo Americanas. As ações da Petrobras, por sua vez, fecharam em alta em meio ao avanço dos preços do petróleo no exterior, ajudando o Ibovespa a fechar no azul. Na agenda local, as atenções também permanecem voltadas para os rumores de que a equipe econômica avalia uma revisão antecipada das metas de inflação do país.
A reunião do Comitê Monetário Nacional (CMN) que vai discutir a meta de inflação para 2026 está prevista para junho – mas poderá ser antecipada e rever as metas já estabelecidas para os anos anteriores. Os mercados têm se mostrado bastante sensíveis às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central, o que tem ampliado a volatilidade nos últimos dias e reforçado posições mais pessimistas do investidor local. No início da semana, o presidente fez novas críticas ao patamar de juros do Brasil, que é ajustado pelo BC. Na segunda, disse que o país tem uma "cultura" de juros altos. Na terça, o país não cresce por conta da Selic na casa dos 13,75% ao ano.
Ministros e técnicos do governo disseram que as duras críticas do petista ao Banco Central e à autonomia da instituição estão acima do tom e atrapalham o trabalho da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio a público colocar panos quentes e dizer que a ata do Copom trouxe recado mais "amigável". Por fim, para os parlamentares, não há "ambiente" para mudar as regras de autonomia do BC, algo que Lula havia sugerido na semana passada. A independência do BC foi estabelecida, por meio de lei, em 2021, e estabelece o mandato de quatro anos para o presidente do BC e tem como objetivo blindar o órgão de pressões político-partidárias.