(Foto: Rudson Amorim, IOC/Fiocruz)
No Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28/7), pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) destacam um projeto que pode representar um avanço no diagnóstico da doença. A iniciativa pretende desenvolver um teste molecular capaz de detectar o vírus da hepatite C em cerca de 30 minutos diretamente nas unidades de saúde, eliminando a necessidade de envio de amostras para laboratórios especializados.
A nova tecnologia é baseada na técnica RT-Lamp, que simplifica o processo de amplificação genética ao dispensar os ciclos de temperatura exigidos pelo PCR, padrão atual do diagnóstico molecular. O projeto, ainda em fase de testes, é financiado pelo Ministério da Saúde e pelo CNPq.
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes rápidos para hepatites B e C, que identificam anticorpos ou antígenos. Em caso de resultado positivo, é necessário um exame complementar para confirmação e definição do tratamento. O novo teste buscaria acelerar essa confirmação e facilitar o início da terapia.
Além da inovação tecnológica, o Laboratório de Hepatites Virais da Fiocruz realiza ações itinerantes de testagem em populações vulneráveis desde 2023. Já foram promovidas 26 ações em 12 municípios fluminenses, com mais de 11 mil testes aplicados e 575 infecções diagnosticadas.
O laboratório também desenvolve pesquisas voltadas à vigilância e à compreensão do cenário das hepatites no Brasil. Estudos recentes identificaram baixa cobertura vacinal em comunidades rurais e quilombolas do Piauí e detectaram diversidade genética inédita do vírus da hepatite D no país, com indícios de um novo subgenótipo.
Segundo especialistas, as hepatites virais seguem sendo doenças silenciosas e socialmente determinadas, com maior impacto entre pessoas em situação de vulnerabilidade. A meta da Fiocruz, em alinhamento com a Organização Mundial da Saúde, é contribuir para a eliminação das hepatites como problema de saúde pública até 2030.
