Nos últimos 12 meses, a cidade do Rio de Janeiro contabilizou 136 ônibus sequestrados por criminosos, segundo dados do Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio (Rio Ônibus). Esse tipo de ação, que se tornou uma tática comum entre facções criminosas, envolve o uso dos veículos para bloquear vias e dificultar o avanço das forças de segurança durante operações policiais.
Na quinta-feira (17), mais quatro ônibus foram tomados na Zona Norte, em Costa Barros e Muzema. Os veículos foram atravessados nas ruas como barricadas em resposta a uma operação no Complexo da Pedreira, onde a Polícia Militar atuava para combater roubos de veículos e cargas. A corporação informou que, apesar da gravidade da situação, não houve reféns ou feridos.
Estratégia criminosa
O sequestro de ônibus tem sido usado como uma estratégia pelos criminosos para desviar a atenção da polícia e interromper operações em áreas dominadas por facções. Somente neste ano, 95 ônibus foram sequestrados e usados como barricadas, enquanto outros oito foram incendiados em diferentes pontos da cidade. Essas ações são particularmente comuns nas zonas Norte e Oeste, onde a presença policial tem se intensificado para enfrentar o tráfico de drogas e outros crimes.
Na última quarta-feira (16), outros nove ônibus foram sequestrados na Zona Oeste, em comunidades como a Tijuquinha. As vias ficaram bloqueadas temporariamente até que a Polícia Militar conseguisse desobstruí-las, sem registro de reféns ou feridos.
Impacto na mobilidade e segurança
O impacto dessas ações criminosas sobre o transporte público é significativo. Linhas de ônibus têm sido desviadas ou suspensas, deixando milhares de cariocas sem opções seguras de mobilidade. As regiões afetadas, muitas vezes áreas vulneráveis, ficam isoladas e expostas à violência.
A Rio Ônibus, que representa as empresas de transporte, alertou sobre o aumento dos sequestros e a necessidade urgente de uma resposta mais firme das autoridades. “A população não pode continuar refém dessa violência. É essencial garantir o direito de ir e vir dos cidadãos”, afirmou a entidade em nota.
Reação das autoridades
Em resposta à crescente onda de sequestros, a Polícia Militar tem intensificado as operações em áreas críticas da cidade. Na operação desta quinta-feira(17/10), no Complexo da Pedreira, um policial foi ferido por estilhaços, e um suspeito foi socorrido após ser baleado. Drogas e carregadores de fuzil foram apreendidos, e o policiamento segue reforçado na região.
As ações das autoridades buscam não apenas combater o crime organizado, mas também garantir que o transporte público continue funcionando, apesar das investidas dos criminosos.
Cenário preocupante
O sequestro de ônibus no Rio de Janeiro revela um cenário de violência crescente, onde criminosos usam o transporte público como uma ferramenta para enfrentar as forças de segurança. As ações se tornaram parte de uma rotina em operações policiais, especialmente nas zonas Norte e Oeste, áreas de intensa disputa territorial entre facções.
Com 136 veículos sequestrados em um ano, o desafio para as autoridades e empresas de transporte é evitar que a violência continue a afetar a mobilidade urbana e a segurança dos passageiros. Enquanto isso, a população segue pressionada por uma realidade de medo e incerteza ao depender de um sistema de transporte frequentemente paralisado pelo crime.