As primeiras investigações da Polícia Civil sobre os seis pacientes contaminados com o vírus HIV após serem transplantados, indicam que houve falha operacional visando obtenção de lucro.
De acordo com a investigação, o laboratório PCS Saleme mudou o protocolo de checagem de análises, de diárias para semanais. Segundo a polícia, a alteração economizou custos, mas comprometeu a integridade dos testes.
A Delegacia do Consumidor (Decon) apura se um grupo criminoso fraudou laudos, que acabaram induzindo as equipes médicas ao erro. Com o resultado forjado, os órgãos de pelo menos dois doadores com HIV foram transplantados em seis pacientes que não tinham o vírus.
Nesta segunda-feira (14/10), os agentes da Decon foram às ruas para cumprir 11 mandados de busca e apreensão e 4 de prisão. Walter Vieira, que é sócio do PCS Saleme, e Ivanilson Fernandes dos Santos (técnico de laboratório) foram presos. Jacqueline de Assis e Cleber dos Santos, ambos funcionários do laboratório, não foram encontrados e são considerados foragidos.
Walter Vieira é tio do deputado federal e presidente do PP-RJ, Dr. Luizinho. O parlamentar divulgou uma nota condenando a falha do laboratório e disse que não teve envolvimento na contratação do mesmo pela Secretaria de Estado de Saúde. Em nota, a pasta afirmou que abriu uma sindicância para apurar o ocorrido e que o PCS Saleme foi interditado.
Os advogados que representam o laboratório PCS Lab Saleme disseram que os sócios da empresa prestarão esclarecimentos à Justiça.
“A defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios do PCS Lab Saleme, repudia com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.”
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, disse que a investigação vai em busca de todos os responsáveis pela falha, independentemente do CPF.