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Com 19 casos registrados apenas nos primeiros meses de 2025, a meningite meningocócica voltou a preocupar autoridades de saúde no Estado do Rio de Janeiro. Nos dois anos anteriores, 132 pessoas foram diagnosticadas com a doença no estado. Destas, 35 morreram, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 26%. Em todo o país, foram 1.550 casos entre 2023 e 2024, com 331 mortes.
A meningite pode ser provocada por diferentes agentes infecciosos, como vírus, fungos e bactérias. A forma mais grave é a bacteriana, causada pela bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida como meningococo. A chamada meningite meningocócica provoca uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal e pode levar à morte em até 24 horas. Crianças são as principais vítimas, mas todas as faixas etárias podem ser acometidas.
A transmissão acontece pelo contato direto com secreções respiratórias, como saliva, tosse, espirro ou uso compartilhado de objetos como copos e talheres. Os sintomas iniciais incluem febre, dor de cabeça, irritabilidade, náuseas e vômito. Esses sinais podem ser confundidos com os de outras infecções, dificultando o diagnóstico precoce. Em estágios mais avançados, podem surgir manchas roxas na pele, rigidez na nuca, sensibilidade à luz, confusão mental, convulsões e até falência múltipla de órgãos.
“Se a doença for diagnosticada rapidamente e o tratamento adequado for iniciado, a maior parte dos pacientes pode se curar completamente. Por isso é importante ter atenção aos sintomas e buscar atendimento médico adequado o quanto antes. No Brasil, a letalidade média dos últimos anos foi de 24%, e a mundial de 10% dos casos, mas se não for tratada, a doença pode ser fatal em até 50% dos casos. Dentre os sobreviventes, 10% a 20% apresentam alguma sequela grave como dano cerebral, perda auditiva ou amputação de membros”, explica Ana Medina, farmacêutica, imunologista e gerente médica de vacinas da GSK.
Até 13 sorogrupos da bactéria já foram identificados, sendo que os mais comuns são os sorogrupos A, B, C, W, X e Y. Adolescentes e adultos jovens também estão sob risco. Cerca de 23% dessa população pode carregar o meningococo de forma assintomática, tornando-se principal vetor da transmissão.
A vacinação é apontada como a forma mais eficaz de prevenção. Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece gratuitamente a vacina meningocócica C para crianças de 3, 5 e 12 meses, além da vacina ACWY para adolescentes entre 11 e 14 anos. A rede particular disponibiliza imunizantes contra os sorogrupos A, B, C, W e Y. Sociedades médicas também recomendam a vacinação contra o meningococo B e reforços da vacina ACWY até a adolescência.
Outras medidas preventivas incluem evitar aglomerações, manter os ambientes limpos e bem ventilados e adotar hábitos de higiene respiratória, como cobrir o rosto ao tossir ou espirrar.