A Operação São Francisco, realizada nesta terça-feira (16) no Rio de Janeiro, revelou detalhes de um esquema milionário de tráfico de animais silvestres que atuava há pelo menos três décadas. De acordo com as investigações, os criminosos vendiam araras por até R$ 5 mil, primatas por valores que variavam entre R$ 3 mil e R$ 8 mil e aves menores a cerca de R$ 150 cada. Em apenas uma apreensão, a polícia interceptou um carregamento de 1.200 pássaros avaliado em R$ 150 mil.
Autoridades explicaram que a quadrilha comprava aves de caçadores por aproximadamente R$ 200 e revendia por valores muito mais altos em feiras clandestinas e plataformas on-line. Delegados envolvidos na investigação classificaram o comércio como altamente lucrativo, mas com impactos devastadores para a biodiversidade.
As apurações apontam ainda que o grupo mantinha núcleos de falsificação de anilhas, selos e certificados, usados para dar aparência legal aos animais. Segundo a polícia, essa estrutura permitia que os criminosos movimentassem milhões de reais anualmente, explorando tanto espécies comuns quanto ameaçadas de extinção.
A megaoperação resultou no resgate de cerca de 700 animais e na prisão de 45 pessoas, incluindo um homem baleado durante confronto. Uma policial civil também foi atingida na ação, mas seu estado de saúde é estável. Os animais foram levados para a Cidade da Polícia, onde passam por atendimento veterinário e avaliação de especialistas antes de serem encaminhados a centros de triagem.
Entre os alvos está o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, que já havia sido preso por ligação com o tráfico de drogas. Segundo as investigações, ele estaria envolvido diretamente na negociação de primatas, um dos mercados mais lucrativos dentro do esquema.
O Ministério Público do Rio informou que os investigados devem responder por associação criminosa, tráfico de animais, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e falsificação de documentos.