Com o aumento do ecoturismo e o avanço das atividades humanas em áreas de Mata Atlântica, os riscos de acidentes com animais peçonhentos também estão em alta. Só até a primeira semana de abril de 2025, o estado do Rio de Janeiro registrou 1.074 acidentes desse tipo. O cenário levou a Secretaria Estadual de Saúde a emitir um alerta para a população, principalmente para quem vive ou visita o interior do estado, onde o contato com esses animais é mais frequente.
Apesar dos números elevados, a Secretaria informou que o número de acidentes não está aumentando de forma significativa. Em 2024, foram registrados 3.678 casos, número semelhante ao de 2023, quando houve 3.636 ocorrências.
Orientações importantes
Diante do risco, as autoridades reforçam algumas orientações fundamentais. Se alguém encontrar um animal peçonhento, o mais adequado é se afastar. No caso de uma serpente, por exemplo, o indicado é contatar a autoridade competente para que o animal seja removido em segurança.
Caso ocorra uma picada, a recomendação é procurar atendimento médico o mais rápido possível. Lavar o local com água e sabão, oferecer água para a vítima e manter o membro atingido elevado em relação ao corpo são medidas que podem ser tomadas enquanto o socorro é providenciado. A vítima deve relatar o máximo de informações possível aos profissionais de saúde.
As autoridades alertam também que todos os animais peçonhentos têm a capacidade de injetar veneno, embora em casos raros isso não ocorra. Por isso, é fundamental evitar o contato com qualquer animal desconhecido, pois a maioria dos acidentes acontece por descuido ou falta de atenção ao ambiente.
O que não fazer
Em hipótese alguma deve-se amarrar o local da picada ou usar torniquetes. Segundo a Secretaria, no Brasil a maior parte dos acidentes é causada por jararacas, e o uso de torniquetes pode piorar o quadro, dificultando a circulação do sangue e concentrando o veneno, o que aumenta as chances de necrose, amputação e outras sequelas.
Outras práticas que não devem ser feitas incluem:
• Amarrar o membro afetado
• Tentar sugar o veneno
• Aplicar substâncias como álcool, pó de café ou outros produtos caseiros
Prevenção é fundamental
Para evitar acidentes, recomenda-se:
• Usar sapatos fechados
• Observar bem onde pisa
• Bater os sapatos pela manhã, principalmente em áreas naturais, pois podem abrigar aranhas, escorpiões ou serpentes.
As autoridades estaduais reforçam que as unidades de saúde, como UPAs e hospitais estaduais, estão preparadas para atender esse tipo de ocorrência e funcionam 24 horas por dia.
Animais mais perigosos e onde encontrá-los
Entre as aranhas mais perigosas estão:
• Aranha-marrom: de cor uniforme e tamanho médio, comum em sótãos, armários e banheiros.
• Viúva-negra: preta brilhante com uma mancha vermelha no abdômen, encontrada em locais úmidos e escuros.
• Aranha-armadeira: coloração cinza a castanha, patas com faixas pretas; vive em troncos e folhas de bananeiras e bromélias.
No caso dos escorpiões, todos são considerados perigosos e devem ser evitados.
No ambiente aquático, os riscos também existem. No mar e em cachoeiras, é preciso atenção aos:
• Ouriços-do-mar, que causam a maioria dos acidentes marinhos
• Águas-vivas e caravelas, que exigem cuidado especial, principalmente em locais com rochas.
Em águas doces, recomenda-se nadar em águas cristalinas para facilitar a visualização de possíveis perigos, como:
• Arraias
• Candirus
• Piranhas
• Poraquês
Sobre o uso de soro antiveneno
A Secretaria alerta que não se deve comprar ou armazenar soro antiveneno em empresas ou fazendas. Esses soros, usados no tratamento humano, são fornecidos gratuitamente pelo SUS, precisam ser armazenados entre 2°C e 8°C e administrados apenas em ambiente hospitalar sob supervisão médica.
Já hospitais particulares não possuem soros antiofídicos. O atendimento inicial pode até ser feito na rede privada, mas o tratamento completo é realizado nos hospitais públicos, sendo o soro disponibilizado gratuitamente.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro