Foto: Reprodução PMERJ
O número de tiroteios entre facções criminosas bateu recorde no Rio de Janeiro no primeiro semestre de 2025. De acordo com o relatório semestral do Instituto Fogo Cruzado, foram registrados 154 confrontos entre grupos armados na Região Metropolitana — um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado.
O levantamento revela que, apesar da queda de 8% no número total de tiroteios (1.233 em 2025 contra 1.346 em 2024), a participação de agentes públicos e a violência gerada por disputas territoriais cresceram. O índice de ocorrências envolvendo forças de segurança subiu de 34% para 41% neste ano.
Entre as áreas mais afetadas, Vila Isabel, na Zona Norte, lidera novamente o ranking, com 66 tiroteios — 27% a mais do que Cascadura, segundo colocado. O bairro de Bangu foi o que registrou maior número de vítimas baleadas, com 28 casos.
Ao todo, 816 pessoas foram atingidas por disparos no semestre, sendo 406 mortas e 410 feridas. Mais da metade das vítimas foi baleada durante operações policiais. O número de mortos cresceu 6% e o de feridos, 14% em relação a 2024.
A média registrada pelo Fogo Cruzado foi de três tiroteios por dia na Região Metropolitana. Os confrontos armados se concentraram em comunidades como Morro dos Macacos, Complexo do Fubá, Morro do Juramento e Catiri, responsáveis por 57% das ocorrências desse tipo.
Ainda segundo o levantamento, 23 chacinas deixaram 84 mortos no período. Em 74% dos casos, houve participação de forças policiais. O número de chacinas se manteve estável em comparação com o ano passado.
O relatório também destaca a presença de crianças e idosos entre as vítimas. Dez crianças de até 11 anos foram baleadas, assim como 18 adolescentes e 20 idosos. Entre as mulheres atingidas por disparos, uma em cada quatro estava dentro de casa no momento dos tiros. Houve ainda dez casos de feminicídio ou tentativa.
Das vítimas cuja raça ou cor foi identificada, 70% eram negras. Trabalhadores informais também aparecem entre os feridos, incluindo entregadores, motoristas de aplicativo e ambulantes. Sessenta e seis agentes de segurança foram baleados, sendo a maioria policiais militares.
Quanto às balas perdidas, 61 pessoas foram atingidas, das quais 14 morreram. Em 61% dos casos, os tiros ocorreram durante ações policiais.
Procurada, a Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou, em nota, que “as polícias atuam de forma integrada no enfrentamento às organizações criminosas em todo o estado do Rio de Janeiro”. A pasta destacou que “o trabalho é contínuo, com foco na preservação de vidas e no fortalecimento da segurança da população fluminense”. O governo também afirmou ter investido mais de R$ 4,5 bilhões em tecnologia, inteligência, equipamentos e treinamento, para oferecer melhores condições de trabalho aos agentes e reforçar a proteção da sociedade.
O relatório é produzido semestralmente pelo Instituto Fogo Cruzado, que coleta e valida dados sobre violência armada em tempo real a partir de sua base colaborativa e aberta ao público.