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O Brasil se despediu nesta sexta-feira (2) de uma de suas maiores vozes. A cantora Nana Caymmi, ícone da música popular brasileira, foi velada com homenagens emocionadas no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde fãs, amigos e familiares prestaram as últimas reverências. A cerimônia teve uma missa de corpo presente e contou com a presença de nomes marcantes da cultura nacional, como Gilberto Gil e Elba Ramalho.
Após o velório, o corpo da artista foi sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Nana Caymmi morreu na última quinta-feira (1º), aos 84 anos, após passar nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul do Rio. Segundo o irmão, Danilo Caymmi, a cantora enfrentava um “processo muito doloroso”, com “várias comorbidades”.
Danilo, também músico, emocionou ao lembrar da trajetória da irmã: “Ela saiu da Venezuela, foi casada com um médico venezuelano e teve que lutar sozinha para criar filho, uma lutadora”, disse. Ele também destacou o temperamento firme da artista: “Fazia parte dela lutar. Acho que isso faz parte da geração dela, em que a mulher tinha que se impor de maneira muito austera para quebrar certas barreiras dominadas por homens.”
Nana nasceu em berço musical, filha do mestre Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, e ao longo de mais de seis décadas de carreira se consagrou como uma das grandes intérpretes do país. Voz grave, interpretação carregada de emoção e um repertório refinado a transformaram em referência na MPB, com clássicos como “Resposta ao Tempo”, “Não se Esqueça de Mim” e “Suave Veneno”.
Gilberto Gil, que teve um breve relacionamento com Nana na juventude, esteve no Theatro Municipal e fez questão de prestar sua homenagem pessoalmente. “Inigualável”, disse o artista sobre a ex-companheira. “Ter nascido, ter vindo e ter sido criada numa família extraordinária, num país extraordinariamente afeito à grandeza musical.”
Elba Ramalho também esteve presente e não poupou elogios. “A maior voz do Brasil, a maior cantora. Aquela que reunia técnica, timbre de voz, sentimento, bom gosto. Dei muitas gargalhadas com ela também. Ela era uma mensageira da alegria”, contou. Elba ainda lembrou com carinho da parceria que as duas tiveram: “Eu tive o meu sonho realizado como artista de tê-la cantando comigo uma música que foi tema de uma novela, chamada Imaculada. Ela adorava essa música.”
Com o Theatro Municipal repleto de flores, palmas e lágrimas, a despedida de Nana Caymmi foi à altura de sua grandeza. Entre o luto e a celebração, ficou a certeza: sua voz, sua força e sua história permanecem vivas na memória da música brasileira.