Um relatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública alertou sobre uma aliança entre as duas maiores facções criminosas do país: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). O documento, apresentado há cerca de dois meses às autoridades do Rio de Janeiro, aponta que a união tem como foco a compra de armas, drogas e a lavagem de dinheiro.
De acordo com a Polícia Civil, as facções passaram a compartilhar estruturas financeiras, incluindo o uso de uma mesma fintech ilegal, a Fortbank, criada para ocultar movimentações milionárias. As investigações revelam que o CV passou a adotar o modelo de lavagem sofisticado já utilizado pelo PCC.
Nesta quinta-feira (10), a Polícia Civil deflagrou a maior operação da história contra o núcleo financeiro do Comando Vermelho. Batizada de Operação Contenção, a ação identificou movimentação de R$ 6 bilhões em um ano por meio de empresas de fachada, depósitos em dinheiro vivo e transferências para o exterior.
O dinheiro circulava por empresas registradas em nomes de laranjas, incluindo uma mulher em situação de vulnerabilidade social que, sozinha, movimentou R$ 200 milhões. O esquema era pulverizado para companhias de diversos ramos e depois consolidado na fintech, que operava sem autorização do Banco Central.
Segundo a investigação, parte do valor era usada para abastecer um fundo interno da facção — uma espécie de “previdência” para pagar familiares de presos e líderes criminosos. O restante era enviado a instituições financeiras em regiões de fronteira, como Paraguai e Bolívia, para compra de drogas e armas.
A operação cumpriu 46 mandados de busca e apreensão no Rio e em São Paulo. Um dos alvos foi o operador financeiro Thiago Gonçalves, preso durante a ação. Ao todo, 100 agentes participaram da ofensiva, que mobilizou diversas delegacias especializadas e contou com apoio da CORE e da Polícia Civil de São Paulo.