Rio de Janeiro – Em mais um desdobramento do caso envolvendo Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, herdeira bilionária da fabricante de baralhos Copag, a família da socialite revelou detalhes estarrecedores sobre o período em que ela viveu sob o controle de José Marcos Chaves Ribeiro, seu ex-motorista e agora réu por crimes como tentativa de feminicídio, sequestro e violência psicológica.
Autorizado a falar pela família, o empresário João Chamarelli, um dos primeiros a chegar à mansão da Rua Capuri em São Conrado, após ser avisado por vizinhos sobre a movimentação policial, declarou: “Em constante expectativa, Regina recebeu como uma agradável surpresa, alívio e grande emoção, essas foram as sensações logo pela manhã ao tomar conhecimento das primeiras notícias da operação desencadeada pela Polícia Civil para prender o seu ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro.”
Segundo palavras atribuídas à própria Regina, o golpe financeiro e patrimonial teria sido elaborado por José Marcos em conluio com advogados e ex-funcionários. Ela teria relatado que jamais imaginou estar cercada por uma organização criminosa tão ousada, capaz de implantar terrores psicológicos e físicos.
“Sou uma sobrevivente da sanha inescrupulosa de um facínora e de ambiciosos sem limites. Quero vê-los punidos, presos. Agradeço comovida à Ouvidoria Nacional da Mulher, ao ex-corregedor nacional de justiça, Ministro Luiz Felipe Salomão, e ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Édson Fachin, que acreditaram na minha palavra, enquanto tantos buscavam me desacreditar.”
Ela também destacou sua confiança nas instituições: “Sigo confiando como sempre na Polícia Civil, no Ministério Público e no Poder Judiciário, sem os quais, juntamente com os meus advogados, familiares e poucos amigos, eu não estaria viva para revelar aos senhores toda essa minha triste história. Deus os abençoe e os fortaleça na coragem e na fé.”
Manipulação alimentar e controle psicológico
Além das denúncias sobre o controle do patrimônio, a família relatou práticas abusivas de manipulação da saúde de Regina. José Marcos teria alimentado a herdeira de forma desbalanceada, com produtos como leite condensado. A estratégia seria enfraquecer a saúde da vítima para mantê-la ainda mais dependente.
“Ela não tinha mais telefone celular, não ganhava alimentação adequada. Ele dava a ela latas de leite condensado para que ela tivesse algum tipo de distúrbio de diabetes”, disse Marcelo Coelho, advogado da família.
Regina segue no Edifício Chopin, em Copacabana, agora sob os cuidados da família, que busca restituir sua saúde e segurança. A operação que devolveu a mansão de São Conrado à socialite é um marco importante no caso, mas as investigações contra José Marcos e seus supostos cúmplices continuam em sigilo.
O homem não foi encontrado pela polícia e já é considerado foragido da justiça. O blog não conseguiu contato com a defesa do réu.